25/05/2011

Palavras Fortes

Eu estava passando lápis de olho e minha amiga fez uma observação:
- Até para se maquiar você escreve com força.
É verdade. Sempre escrevi com força. E essa afirmação me fez refletir sobre a óbvia (mas coerente) metáfora. Eu escrevo forte todos os aspectos da minha vida.


Assim como, desde a escola, o que escrevia no caderno marcava com força as páginas seguintes, a maneira forte como escrevo a história da minha vida não só é impossível de ser apagada como também vai me acompanhando, por mais que eu vire a página. Então eu viro a página sim, mas escrevo novas histórias em cima daquelas que não sumiram. Que me marcaram profunda e definitivamente o caderno da alma.
A minha mão forte, pesada, talvez seja um contraponto a tantos sentimentos fracos. Ou à vontade de que tudo seja tão mais leve, como se colocando todo o peso na mão que escreve, não sobrasse mais nada para pesar no peito que cala.


E se até na hora de me maquiar eu uso essa força, é para que as pessoas leiam nos meus olhos as marcas de minha vida. É para pintar no meu rosto o semblante da mulher resistente que pode aguentar tanta força do mundo jogada na sua cara e ainda assim manter sua classe e dignidade, e bolar olhares fatais e esboçar risos sedutores.
Tanta força sai do meu corpo e volta a ele, como um tapa, como uma onda, mais até: como o mar evaporando e voltando em chuva, deixando para trás os sais e minerais. Mas os meus, não. Os meus sais eu quero deixar salgando as minhas páginas, pois o mundo não me é água com açúcar e se ele não me é, eu também não serei a ele. Os minerais eu quero na minha história pra brilhar e pra ferir, pra jogar luz na ferida e expô-la ao mundo, ainda que esse mundo seja tão só meu que só eu possa vê-lo.
E se a mão pesar demais e doer, e se eu riscar o olho com muita força e ele se encher de lágrimas, que elas transbordem, não tem problema. Porque para quem escreve forte, não há água suficiente que manche a sua história.
Por Paula Martins

3 comentários:

  1. Paula, adorei seu post!

    Muuuuuuuuiiito bommmmm! Me identifiquei bastante e acrescento que mulheres que escrevem forte (como nós) não se abalam nem com uma Tsunami!

    Bjos e parabéns!!!

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  2. Irmã, que lindo! Amei! E acho que escrever forte é uma tendência familiar... rs! Beijos

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  3. Obrigada, Gabriela! Obrigada, irmã!
    Sempre bom saber que existem muitas mulheres por aí preparadas para os tsunamis da vida ;)
    Beijos!

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