02/05/2011

Explicando o que não tem explicação.

É uma colinha que gruda do seu lado quem não está do seu lado.
É querer passar mais tempo com o olho fechado do que aberto.
É uma vontade de só dizer “ai, ai”.
É um trator compressor passando por cima do coração.
É uma lágrima que sai do peito, mas não chega no olho, e fica presa na garganta.
É a impossibilidade total de manter a cabeça e o corpo no mesmo lugar.
É sentir uma revoada de borboletas por dentro ao lembrar de qualquer coisa.
É um não lembrar de nada, exceto do que você deveria esquecer.
É um despertador mudo e pontual, que insiste em dar um murro na boca do seu estômago assim que você acorda.
É querer apertar o backwards ou o forwards, mas só conseguir apertar o pause.
É uma vontade de ir para um lugar que não existe no mapa, só na memória.
É quando as palavras só saem em forma de suspiro.
É rir à toa e chorar mais à toa ainda.
É uma briga com os ponteiros.
É um inquilino bem espaçoso que se muda pro seu peito sem ser convidado e fica reclamando que está muito apertado.
É uma música que não sai da sua cabeça, mas que não é chata.
É uma visita que chega com cara de quem não quer ir embora.
É uma sombra que te segue mesmo sem sol (e às vezes, principalmente sem sol).
É um sentimento, uma lembrança, um monstrinho, uma dor, uma gostosura, um cheiro, um frio na barriga, um sofrimento, uma delícia, um desejo, uma esperança.
É uma palavra que só existe na língua portuguesa.


Por Paula Martins

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