12/04/2011

Black is Beautiful

Segundo Willie Dixon, americano do Mississipi, cantor/compositor/baixista/produtor/mil e uma utilidades, a primeira vez que uma menina tirou a calcinha e jogou no palco foi por causa de um cara tocando blues (não, Wando, esse título não é seu). Pois é, caro leitor, foi preciso muito bluseiro, folk e jazzman pra fazer esticar o lençol da cama que Mick Jagger se esbaldou. Como assim? Calma, vamos dar um rewind nessa história.

Chicago, 1941: Len Chess, judeu em busca de um negócio rentável (tchan!) e Muddy Waters,  voz poderosa e talento pra dar e vender. Do (abençoado) encontro surgiu a Chess Records, pioneira e lendária gravadora de música negra, bem antes da Motown sonhar em nascer. Amostra do portifolio da Chess: Chuck Berry, Etta James, Little Walter, Buddy Guy e o próprio Muddy Waters. Tá bom pra vocês?

Esses caras foram os responsáveis por colocar a música negra no circuito comercial, até então executada apenas nas fazendas do interior do Mississipi e em bares obscuros dos bairros negros. Indispensável falar do preconceito inicial, assim como do inevitável sucesso do selo Chess, pois cá entre nós: música boa tem dna black.

E o que Mick Jagger tem a ver com isso? Pois bem, não fosse a Chess Records e a difusão da música negra promovida pela gravadora, muito provavelmente o rock não seria rock (sinto que acabei de professar algo solene, rs). Lennon, Elvis, Dylan, todos eles beberam da mesma fonte. O “Live at the BBC” dos Beatles (aliás, um dos meus álbuns favoritos) transborda black music, com gravações memoráveis de clássicos como “Rock and Roll Music” e “Johnny B Goode”, ambas by Chuck Berry. E sabe de onde veio o nome Rolling Stones? É o nome de uma música de Muddy Waters.

De lá pra cá muita água rolou além das fronteiras do Missisipi e, graças a um sem fim de artistas incríveis, a música negra não só mantém-se influente, como vigorosa e fresh.

Adoro...

...ouvir hits novos e sentir um perfume black, como Baby I’m Yours, do Breakbot. Me dá vontade de dançar, da mesma maneira quando ouço Michael Jackson  cantando“Rock with you”:

                                                                                      "Baby I'm Yours", olha a influência black aí, minha gente!

                                                                                                     I wanna rock with you, Michael! Adoooooro!

...me surpreender com a reinvenção do Cee Lo, hoje nas paradas com F*&@# You, mas que me ganhou mesmo na fase Gnarls Barkley. Gente, que voz é essa?!?!?!?!

                                                                                             What's going on", non sense e por isso mesmo ótimo.

….acompanhar o sucesso das neo divas inglesas com pegada black gospel (tenho certeza que tem algo na água britânica pra justificar a profusão de Amys, Joss, Adeles e por aí vai)

                                                                      "Rolling in the deep", feche os olhos e imagine uma negona power!

...ouvir o muso Eddie Vedder cantando “Sitting on the Dock of Bay”, hit do Otis Redding

                                               Aqui vale o mesmo: feche os olhos (mesmo porque o cinegrafista é de quinta)

E como uma coisa leva a outra, recomendo o seguinte: vá até a locadora mais próxima e alugue Cadillac Records, filme que conta a história da Chess Records e por tabela da música negra nos EUA. De quebra vc ainda vai ver Beyoncé arrebentando no papel de Etta James e vai ficar sabendo de curiosidades como o plágio que os Beach Boys fizeram de “Sweet Little Sixteen” do Chuck Berry, que resultou em “Surfin in USA”. Tsc, tsc, tsc.

Por Júlia Sobral

Um comentário:

  1. E' muita cultura pra uma irma so' minha gente! Tambem adoro baby i'm yours e rock with you! : ) :***

    ResponderExcluir