Calma pessoas, não estou blasfemando ninguém! Mas antes de explicar o adjetivo complexo, deixe-me apresentar ele, Gay Talese. Esse cara surgiu na minha vida de uma maneira que particularmante gosto muito: através de um livro. E não passou disso, snif. Gay Talese é escritor e durante anos foi repórter do New Tork Times. Acompanhou de perto a eclosão da guerra do Vietnã, a morte de Kennedy, entre outros fatos marcantes da história norte americana. Mas voltemos ao adjetivo.
Serendipitoso. É assim que ele se auto define. A palavra dessa maneira abrasileirada é um fiasco. Ela vem do inglês serendipty, essa sim, uma palavra que eu amo, mas que não possui uma tradução direta para o português. O mais próximo que consigo chegar é "a capacidade de fazer boas descobertas por acaso". E esse talento Talese tem de sobra.
Mr. Talsese tem obras incríveis, mas vou me concentrar naquela mais serendipitosa: Fama e Anonimato. Nesse livro Talese discorre com o mesmo cuidado e atenção sobre anônimos e famosos. Ele conseguiu o perfil mais completo de Sinatra, segundo críticos, sem ao menos uma conversa tet a tet, pois o cantor desmarcou a entrevista inúmeras vezes, em função de um resfriado. Talese usou de toda sua serendipitosidade (já estou criando palavras) com amigos, seguranças, chefe de estúdio e até a velhinha que carregava uma mochila com quase 60 perucas de Sinatra (siiiiiiiiiiiiiiim, Silvio Santos vem aí!), para montar o mosaico do eterno The Voice. O que o próprio Sinatra, totalmente interessado em esconder seus defeitos, poderia ter dito de mais interessante do que aqueles que conviviam com sua linda voz e também seu lado mais sombrio, manipulador e possivelmente ligado a máfia? (quem leu o post “The Kid Satys in the Picture e se animou pra assistir o filme pôde constatar quão vingativo o Blue Eyes podia ser. Mia Farrow que o diga!).
Como estamos falando de acasos e um coisa leva a outra, aqui vai uma dica nada por acaso: o filme Serendipity (Escrito nas Estrelas em português, para minha lástima). John Cusack e Kate Becksinsale num romance aparentemente clichê, porém delicioso. Cheio de acasos e ode ao destino, porque isso às vezes é muito bom!
http://www.youtube.com/watch?v=zijNT7t11N0Se quiser conhecer as obras de Talese também recomendo:
“A Mulher do Próximo", sobre todas aquelas pessoas que contribuíram para a desmistificação do tema sexo nos EUA: desde o cara que importou o 1º exemplar do ousado romance Madame Bovary, a Hugh Hefner, fundador da Playboy.
“O Reino e Poder”, sobre os bastidores do maior jornal de todos os tempos, o New York Times.
Por Júlia Sobral
* Uma coisa leva a outra: Sabe aquele videoclipe incrível que lembra muito o estilo de um filme cujo protagonista só pode ter sido inspirado no personagem de um livro que você ama? Ou quando você saca no estilo de uma new band uma super semelhança com o...The Cure (!)? Reza a lenda que nada se cria, tudo se transforma (e em alguns casos se copia mesmo). A gente adora descobrir semelhanças, fazer conexões e dividir os nossos achados.
Uma amiga me apresentou Serendipity há alguns anos e também me apaixonei. Um exemplo muito bom para a palavra é a descoberta da penicilina por Alexander Fleming, uma grande descoberta, ao acaso, mas também com mérito do destino escolhido. Outro dia essa mesma amiga me contou que o noivo, americano, a pediu em casamento (em português!) no café Serendipity em NY. Felicidade pura!
ResponderExcluirParabéns pelo blog. Beijos.