Durante um jantar com minha amiga e co autora desse blog, Paula, tivemos um momento de epifania: se a terapia não responde suas perguntas, acredite, Friends responde.
Calma, apesar de sermos realmente fãs, daquelas que fazem 100% e acertam perguntas bônus no quiz sobre o tema, esse não é um post tiete. Mas chegamos a conclusão bizarra que Friends permeia um (bom) pedaço de nossas vidas e muitas vezes traduz o intraduzível. Complexo, hein?
A verdade é que você, com vinte e tantos ou trinta e poucos anos, que acompanhou essa série do começo ao fim certamente se identificou com cada um dos personagens, que invariavelmente viveu situações semelhantes as suas. Ah, ok, muitas séries cumpriram esse papel. Quem não acompanhou o crescimento daquele que é o menino mais fofo das sitcoms americanas: o Kevin Arnold, de Anos Incríveis? Pois é, mas tem algo estranho aí.
Tudo começou com Barrados no Baile. Depois veio Melrose Place, seguido de Seinfeld, Felicity e Dawson’s Creek (esse por pouco em tempo em minha vida, pois ninguém merece Katie Holmes com 15 anos falando sobre Kafka, uma coisa assim...chata). Daí veio Friends, That 70s Show, Sex and the City e aquela que é a minha série favorita: Gilmore Girls (atenção, de uma forma ou de outra me identifico com todas as séries citadas).
O que tem de estranho em tudo isso? Nenhuma dessas séries é brasileira! Eu consigo me identificar plenamente com uma mulher que mora em um lugar nevado com mil habitantes e tem uma pousada no campo (Lorelai Gilmore) e não consigo achar nenhuma referência em meu próprio país? Sim, sim, salve o global thinking e a quebra das barreiras culturais, quero mais é me identificar com um monte de gente ao redor do mundo. Mas que regra é essa que a gente faz novela e americano faz sitcom? Não dá pra acreditar que um país (emissora) que produz Hoje é Dia de Maria, A Pedra do Reino, Cidade dos Homens, As Cariocas e tantas (micro) séries incríveis, não consegue emplacar uma comédia de situação jovem, genuína e hilária.
Enquanto isso não acontece, vou me divertindo com Friends e todo pacote de referências que essa e outras séries Warner-Sonyanas conseguiram imprimir em mim. Basta dizer que recentemente assistindo “Enrolados” (versão da Disney para Rapunzel moderninha) captei no olhar safado-cômico do mocinho, ou melhor, vilão (pois é, o “mocinho” dessa versão é um ladrão!), uma pegada Joey Tribbiani. Imediatamente eu e minha amiga nos entreolhamos através dos “oclinhos” 3D num cinema lotado de crianças: “How you doing?”.
Por Júlia Sobral
F.R.I.E.N.D.S explica comportamentos e ilustra situações onde milhões de palavras não seriam suficientes para descrever tão bem o ocorrido. Mas F.R.I.E.N.D.S vai além. Cada vez que se recorre a uma passagem, a um episódio em uma conversa, há instantaneamente uma conexão (geralmente seguida de risadas e puxando outras passagens hilárias!) e dois estranhos, conhecidos ou amigos de pouco tempo encontram um lugar comum no passado, como uma lembrança (não)compartilhada dos tempos de infância/juventude (ou como diria Rachel "de outrora").
ResponderExcluirCom certeza F.R.I.E.N.D.S fez para essa geração muito mais que lançar cortes de cabelos, gírias e a febre das "coffeehouse".
PS: Jujuba, vale ressaltar que além de tudo o filme (Enrolados) era DUBLADO!!!
Já pensei muito sobre essa identificação tão fácil com Friends. Chega a ser incrível. A resposta que desconfio é que a cultura ocidental é toda muito parecida. Será mesmo? Conhece Party Of Five, chamda no Brasil de "O Quinteto"?. Me sentia um primo deles... rsrs. Mas aqui também nos identificamos com passagens da Grande Família, por exemplo. Talvez o maior exemplo do que chame de comédia de situação jovem, genuína e hilária nacional recente seja "Os Normais". Mas talvez a grande explicação de tamanha identificação com Friends seja o fato de que os caras, além de extremamente competentes, produzem em uma escala tão absurda, que um dia emplacam um produto magistral. Quantas séries não são lançadas por ano e são canceladas na primeira temporada na TV americana? Aqui, as tentativas são bem mais escassas. No fim das contas, lá no fundo, isso pode ter a ver também com educação e economia. Enfim...
ResponderExcluirNo último domingo de manhã eu acordo – cedo, eu sempre acordo cedo -, tempo feio, eu dou uma voltinha na sala e me pergunto: “Que que eu vou fazer a essa hora da manhã com chuva lá fora?” Eis que minha memória responde prontamente: “Tem episódios de Grey’s Anatomy que foram ao ar essa semana gravados na TV”. Yuppie!!! Abro o maior sorrisão pra mim mesma, pulo no sofá de pijama e plin, ligo a TV. E ali fico por horas vendo um episódio atrás do outro. Entre risos e lágrimas penso “Caracas, esse povo me faz companhia mesmo”. É louco isso né? Nunca me sinto sozinha qdo Carrie Bradshaw, Meredith Grey, Monica Geller e até Dr. House estão por perto…
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